Para mostrar a história
de Guimaraes Rosa, sua obra fantástica, existe o Museu Casa Guimarães Rosa, que abriga um bom acervo da vida e obra do escritor, a casa onde morou com sua família
desde seu nascimento, em 1908, até os 9 anos de idade. Logo depois, foi morar e
estudar em outros locais.
Minas são muitas..., é uma das frases
marcantes do grande mineiro João Guimaraes Rosa, escritor, diplomata e
brasileiro dos bons, que nasceu em cidade de Cordisburgo, localizada a 130 Km
de Belo Horizonte.
Inaugurado em março de 1974, o
museu tem dois fatos que originam seu surgimento. O primeiro deles foi o
inesperado falecimento do escritor, em 1967. O segundo foi a criação do
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, em
setembro de 1971, que materializava o sonho preservacionista que vigorava na
época.
Localizada na Rua Padre João, esquina
com a Travessa Guimarães Rosa, a Casa apresenta varanda lateral, cunhais de
madeira pintada, paredes de adobe, cobertura em duas águas (tipicidade do
telhado), vãos internos em linhas retas e acabamento singelo. Conserva planta e
arquitetura originais, concebido como centro de referência da vida e da obra do
escritor mineiro e como núcleo de informações, estudos, pesquisa e lazer.
Hoje é um museu que reúne bom acervo
de fotos, coleção com as ilustres gravatas-borboleta, aproximadamente 700
documentos textuais, toda a obra literária, originais manuscritos ou
datilografados, a exemplo de Tutaméia (última obra publicada), matrizes de
xilogravuras usadas em volumes como Corpo de Baile (1956), espada, bainha e
diploma da Academia Brasileira de Letras, máquina de escrever, rascunhos de
trabalhos e outros objetos pessoais.
Preserva também outros registros da
vida de Guimarães Rosa como médico e diplomata, objetos de uso pessoal,
vestuário, utensílios domésticos, mobiliário e fragmentos do universo rural
presente na literatura roseana. Aliás, esse fato está ligado ao fato de o
escritor ter morado na cidade mineira de Itaguara, onde permaneceu por dois
anos, e onde passou a ter contato com elementos do sertão.
Um detalhe bem interessante é que em
um cômodo frontal da casa foi reconstituída uma venda típica das existentes nas
pequenas cidades mineiras, para representar o antigo comércio de Floduardo
Pinto Rosa, pai do escritor. Na “venda de seu Fulô”, o menino Joãozito cresceu
ouvindo histórias contadas pelos frequentadores do lugar.
Semana Rosiana celebra
os 70 anos da viagem de 1952 e os 60 anos de lançamento do livro Primeiras
Estórias
Guimaraes Rosa e sua
tropa no portal em Cordisburgo
Entre os dias 10 e 16 de
julho de 2022 será realizada a 34ª Semana Rosiana, em Cordisburgo. A edição
deste ano tem duplo tema: os “70 anos da viagem de 1952 – a Boiada” e os “60
anos do livro Primeiras Estórias”.
A Semana Rosiana
acontece há 34 anos em data próxima ao aniversário de nascimento do escritor
João Guimarães Rosa, atraindo para Cordisburgo um turismo cultural
significativo proveniente de várias regiões do Estado e do país, além de reunir
pesquisadores, estudiosos provenientes de vários centros acadêmicos e
admiradores da obra rosiana.
O evento abrange
diferentes atividades artísticas, como narrações de estórias, caminhadas
literárias urbana e eco-literária, roda de leitura, palestras, mesas redondas,
oficinas de arte, apresentações teatrais, lançamento de livros, entrega de
medalhas pela Câmara Municipal de Cordisburgo, posse de novos acadêmicos na
Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa e feira gastronômica.
A Semana Rosiana é uma
realização da Academia Cordisburguense de Letras e conta com apoio do Grupo de
Contadores de Estórias Miguilim; CEMIG; Prefeitura Municipal de Cordisburgo;
Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa; Grupo Caminhos do Sertão;
Roda de Leitura do IEB/USP; Cordis Notícias; Câmara Municipal de Cordisburgo; Secretaria
de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Cordisburgo e Secretaria Municipal de
Turismo de Cordisburgo.
Guimaraes Rosa viajava com sua tropa para sentir o
sertão mineiro
70 ANOS DA VIAGEM DE
1952 – A BOIADA
Em maio de 1952,
Guimarães Rosa realizou uma viagem ao sertão de Minas Gerais para acompanhar a
travessia de uma boiada da fazenda da Sirga (Andrequicé, Três Marias-MG), de
propriedade do seu primo Chico Moreira, até a fazenda São Francisco
(Araçaí-MG).
Nesse percurso de 240
km, o escritor registrou centenas de anotações numa cadernetinha de bolso.
Anotou em detalhes suas observações, as cenas, inclusive a data, a hora em
minutos e as léguas percorridas. O conjunto dessas notas de viagem denominou de
“Boiada”.
A viagem ganhou, na
época, as páginas da revista “O Cruzeiro”, com reportagem do jornalista Álvares
da Silva e fotografias de Eugênio Silva, que cobriram os últimos dias da
travessia da “Boiada”.
A “Boiada” representa um
inventário informal da fauna e da flora, uma cartografia do sertão mineiro na
década de 1950 e uma descrição que enaltece a vida sociocultural sertaneja. A
leitura das anotações de Guimarães Rosa transporta o leitor para o sertão de
Minas e o leva a apreciar as descrições minuciosas e poéticas. O leitor se
delicia e se encanta com os sons, os cheiros, as cores, o vento.
Guimarães Rosa buscava
exatamente a natureza menos manipulada, menos transformada pelo modelo
capitalista. Para tanto, viajou para o sertão de Minas, para a região de sua
terra natal, Cordisburgo, a cidade do coração, outrora Vista Alegre. Ao invés
do carro, uma mula; ao invés do urbano, o rural; em vez de diplomatas,
vaqueiros e bois; ao invés de documentos oficiais, anotações.
Ao retornar ao Rio de
Janeiro, onde residia, o escritor datilografou e organizou todas as anotações
de “Boiada”. À medida que ia aproveitando essa “bela pilha de papel sortida de
vitaminas” na criação de seus livros, anotava e cobria o texto com hachuras,
tornando os datiloscritos coloridos e graciosos.
60 ANOS DO LIVRO
PRIMEIRAS ESTÓRIAS
Publicado em 1962, seis
anos depois do romance Grande Sertão: Veredas, Primeiras Estórias é considerado
na escola literária como obra pertencente à terceira fase do Modernismo
brasileiro. Seus vinte e um contos retratam os questionamentos de suas personagens
sobre os conflitos da existência humana, o que corrobora o argumento de que
Guimarães Rosa seja um escritor universalista.
Apesar de despertar
curiosidade, pode-se justificar o título do livro a partir do resgate que o
autor faz das narrativas em seus primórdios, em suas gênesis. Outro argumento
que defende o título é a mudança na forma como o escritor escreve seus contos.
Rosa apresenta contos mais compactos. Depois de lançar três grandes livros, com
seiscentas páginas em média cada um, Primeiras Estórias é apresentado com
contos mais curtos, reflexivos e herméticos, sem perder as características das
escritas peculiares de Rosa. Já a palavra Estória sugere algo advindo da
imaginação, apesar do escritor utilizar cenários e personagens reais em alguns
contos.
Dentro da genialidade
que se espera de Guimarães Rosa, é possível perceber que os contos dialogam
entre si. Se espelham, se correspondem. Não é à toa que o escritor decide
colocar bem no meio do livro, um conto chamado “O espelho”, entre os dez
primeiros e dez últimos contos. Pode-se acreditar que esse conto seja um
divisor de águas entre as demais estórias do livro.
Confira a programação completa no Instagram do Museu Casa Guimarães Rosa
@museuguimaraesrosa
Reestruturação do
Fundo Geral de Turismo
O Plenário do Senado Federal aprovou a proposta (PL
2380/2021) que reestrutura o Fundo Geral de Turismo (Fungetur). O projeto gira
em torno de três eixos: provimento de recursos e viabilização de garantias aos
tomadores finais de empréstimo da cadeia do turismo; estruturação de projetos
voltados aos destinos turísticos; e ações de promoção turística, que incluem
publicidade.
A proposta
com origem na Câmara reestrutura o Fundo Geral de Turismo, Fungetur, fundo
criado há 50 anos, para promover suporte financeiro ao setor turístico e
incentivar o desenvolvimento da cadeia produtiva do turismo, possibilitando
disponibilização de linhas de crédito.
As mudanças
são necessárias porque, apesar dos esforços do Ministério do Turismo, ao qual o
fundo está vinculado, os empreendimentos do setor turístico, especialmente os
de menor porte, continuam tendo dificuldades na obtenção de empréstimos.
Em 2019,
eram apenas oito as instituições financeiras aptas a operar as linhas de
crédito do Fungetur. Para facilitar o acesso aos recursos do fundo, pelo setor
público ou privado, a proposição permite que o Poder Executivo credencie para
operacionalização do Fungetur bancos múltiplos, de desenvolvimento e
comerciais; agências de fomento estaduais; cooperativas de crédito; bancos
cooperativos; caixas econômicas; fintechs; organizações da sociedade civil de
interesse público e outras instituições financeiras públicas e privadas com
funcionamento autorizado pelo Banco Central do Brasil.
Workshop da ABAV - MG
A Associação
Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais - ABAV/MG promoverá no dia 21
de junho de 2022, a 47ª edição do Workshop no interior. Desta vez, a cidade de
Juiz de Fora será sede do evento.
Peter
Mangabeira, presidente ABAV MG
A feira terá início às 16h,
com estimativa de 150 profissionais de turismo durante o evento. 47º Workshop da ABAV-MG - edição Juiz de Fora, no Ritz Plaza Hotel, informações abav.mg@abav.com.br
Caravanas das cidades de Conselheiro Lafaiete, Ouro
Branco, Barbacena, Tiradentes e São João Del Rei também estarão presentes.
Coluna Minas
Turismo Gerais Jornalista Sérgio Moreira @sergiomoreira63 informações para sergio51moreira@bol.com.br