Série de
painéis temáticos e palestras foi realizada pelo Governo do Tocantins, via
Secult, e reuniu profissionais de diversos estados brasileiros
Painel "O fortalecimento do Desenvolvimento Regional através da Economia Criativa por meio de projetos socioculturais" - Paulo Gualberto/Governo do Tocantins
Último dia de seminário contou com a presença de gestores, fazedores de cultura, acadêmicos e a sociedade civil - Paulo Gualberto/Governo do Tocantins
Promovido pelo Governo do Tocantins, por meio da
Secretaria da Cultura (Secult), o I Seminário de Economia Criativa do Tocantins
consolidou debates essenciais sobre a contribuição e o impacto da cultura na
economia e na sociedade. O evento, que teve painéis e palestras na última
sexta-feira, 29, e sábado, 30, foi realizado no auditório do Palácio Araguaia
Governador José Wilson Siqueira Campos, em Palmas, e contou com a presença de
gestores, fazedores de cultura, acadêmicos e a sociedade civil. Já a programação
musical segue até a noite deste domingo, 1º.
No
sábado, em meio aos diversos diálogos sobre temáticas que perpassam a
criatividade, o secretário Tião Pinheiro destacou o compromisso do Governo do
Estado em reestruturar o setor cultural no Tocantins. “A equipe da Secretaria
da Cultura está muito feliz com o resultado do Seminário de Economia Criativa
do Tocantins. Cada mesa de debate foi tão instigante quanto a outra, o que foi
emocionante e motivador. Quero agradecer a todos que compareceram e acredito
que a sociedade civil deve participar de momentos enriquecedores como estes”,
disse.
Com
o som marcante da viola do buriti, a programação deste sábado, 30, começou com
a apresentação dos violeiros Mestre Expedito Ribeiro, Reinan Medeiros,
Wanderley Batista, Diego Brito e Nissim da Viola, que em suas canções mostraram
o poder da música tocantinense e da cultura tradicional para o público. O
início da manhã contou também com intervenções artísticas da Cia Final Feliz e
a demonstração ao vivo da criação de quadros em diversas técnicas de pintura e
de pirografia.
O
painel “Fortalecimento Identitário das Culturas Popular e Tradicional por Meio
da Economia Criativa” trouxe reflexões importantes sobre como preservar e
valorizar as culturas tradicionais, integrando os saberes populares ao mercado
cultural. A mesa contou com a mediação da gestora e pesquisadora de políticas
públicas e culturas tradicionais Ciça Pereira (SP), do secretário de Igualdade
Racial Adão Francisco, do diretor de Proteção aos Indígenas da Secretaria dos
Povos Originários e Tradicionais (Sepot), Célio Torkã Kanela, e de Pai William
de Odé.
“É
extremamente importante a gente falar sobre essa temática, considerando as
nossas pluralidades, o tamanho desse nosso país, principalmente pensando em
estados que fogem desse eixo sudeste. Tocantins é um estado muito potente, com
diversas ações criativas, povos originários, quilombolas e indígenas. É rico
estar aqui e para que a gente possa, de fato, pensar um futuro melhor,
garantindo subsistência para as nossas práticas e as nossas culturas”, disse
Ciça Pereira.
Com
palhaçaria e diversão, a Cia TrupeAçu encantou a plateia com um pocket show do
espetáculo “As Charlatonas”, que mesclou humor, fatos históricos e interação
com uma mensagem sobre o papel das mulheres no desenvolvimento da humanidade.
As palhaças Tapioca, interpretada por Ester Monteiro, e Girassol, por Giovana
Kurovski, participaram e contaram sua trajetória circense do painel
“Empreendedorismo feminino na Economia Criativa”, mediado pela cantora e
compositora paraense Aíla Campos. A jornalista, pós-graduada em design de
interiores e conselheira da Câmara Setorial de Artesanato do Conselho Municipal
de Políticas Culturais de Palmas (CMPC), Renata Brum, e a especialista em
História da Arte e História do Renascimento e Pintura, Lara Faez, também
compuseram a mesa de debate, que abordou o protagonismo das mulheres no setor
criativo.
A
agitadora cultural Aíla Campos, conhecida por sua fusão de ritmos amazônicos
com o pop contemporâneo, destacou a importância dos nortistas estarem em
posições de poder e gestão, bem como a relevância de um evento como o 1º
Seminário de Economia Criativa. “Enquanto houver um de nós, dos nossos, nesses
locais de decisão, nós vamos ter como falar da Amazônia em primeira pessoa.
Aqui há uma sementinha que está sendo criada para que tenha todos os anos esse
evento e tantos outros que valorizem a cultura da região Norte. Vamos nos
conectar porque a região amazônica é a maior do Brasil”, explicitou a cantora.
Programação vespertina
No
período da tarde, Daniel Jaber (MG), Alfredo Bertini (PE) e André Araújo (TO)
se juntaram para o painel “Fortalecendo a Cadeia Produtiva do Audiovisual” e
comentaram sobre os avanços e desafios do setor no Brasil. Daniel Jaber,
fundador da plataforma de streaming Cardume, especializada em curtas-metragens,
destacou a importância do audiovisual como uma arte coletiva e que tem grande
impacto pela velocidade de propagação. Entre os principais desafios abordados,
o mineiro citou ainda a necessidade de regulamentação das plataformas de vídeo
sob demanda (VoD), além de questões como distribuição, divulgação e formação de
público para o cinema brasileiro.O artista também elogiou a realização do
Seminário e pontuou que eventos como estes são importantes para o setor
cultural. “Queria parabenizar o Estado do Tocantins por fazer esse evento.
Eventos como esse são importantes, pois essas trocas permitem pensar novos
horizontes", disse.
Presente
pela primeira vez no Tocantins, o ex-secretário nacional do Audiovisual e
fundador do festival Cine PE, Alfredo Bertini, expressou sua satisfação em
participar do evento e agradeceu à equipe da pasta pela acolhida. O
pernambucano disse ter ficado encantado com as apresentações regionais, a
exemplo dos Tambores do Tocantins e do grupo Vozes de Ébano, que foram duas das
atrações artísticas que compuseram a programação cultural do seminário. “Estou
encantado porque o que já vi das apresentações de ontem e anteontem me deixou
surpreso”, afirmou. O economista também refletiu sobre os desafios do setor
audiovisual e enfatizou que superar obstáculos é uma constante nesse mercado.
André
Araújo compartilhou sua trajetória no audiovisual com a abertura da produtora
SuperOito, em 2010. Ao longo da conversa, ele contou que foi contemplado em um
edital local e foi um dos produtores do longa-metragem “Palmas, eu gosto de
tu”. O filme, cujo objetivo era romper com o domínio do cinema comercial,
permaneceu quatro semanas em cartaz graças ao desempenho nas bilheterias. “Na
época, foi o primeiro prêmio que contemplava um longa-metragem", disse ele
quando se referiu ao edital. O cineasta enfatizou ainda a importância de
recursos para garantir que as produções alcancem uma audiência expressiva e
citou o sucesso de Comedy Club, primeiro filme da produtora a estrear em 25
salas de cinema fora do Tocantins.
Outro
painel que ocorreu no último dia de palestras foi o de Ilustração, Design e
Videomapping: Soluções Criativas na Era Digital, com a participação de La Mina
(RJ), Jéssica Pezenti, Luiz Izidoro e Adrians. Jéssica destacou o uso de novas
tecnologias no mercado e mostrou como a ilustração pode ser expandida para
diversas áreas. “É interessante que, dentro desse mercado, a gente migra para
várias áreas, que acabam formando um grande mundo”, afirmou. A designer gráfica
também apresentou alguns de seus trabalhos, como sua colaboração com a Nasa
para a Meta, onde contribuiu com a parte visual da marca.
La
Mina, artista plástica e ilustradora, agradeceu o convite e destacou a
importância do momento de troca. Durante sua apresentação, mostrou sua pesquisa
sobre raízes brasileiras e o que define a identidade do país. Entre seus
trabalhos, mencionou colaborações com a ONU, Itaú e iFood, além do Doodle do
Google em comemoração aos 75 anos da Divina Pérola Negra. “Agora, como artista,
eu tenho a possibilidade de falar o que eu quero”, ressaltou.
Adrians
Alves apresentou sua experiência como designer e ilustrou algumas de suas
marcas, personagens e brandings. O artista defendeu o papel do design como
vetor de informação e disse que “com a imagem, a gente consegue se comunicar
com as pessoas. Quando eu pinto um grafite, quando é feito um trabalho
comercial na publicidade, ele reverbera, se desdobra em outros significados que
não se tem mais controle. A imagem é polissêmica", enfatizou.
O
VJ Luiz Izidoro, que também é servidor da Secult, abordou o conceito inicial do
videomapping e as dificuldades enfrentadas, como a estrutura técnica defasada
em alguns locais para projeções. Ele também compartilhou seu trabalho no palco
do Festival Gastronômico de Taquaruçu e projetos autorais como Fala Olho e a
série Olhos de Gaia. Criadas durante a pandemia e inspirados no “Olho que Tudo
Vê”, as propostas representam o olhar da Mãe Natureza sobre o desequilíbrio
humano, que combinam animações 3D manipuladas ao vivo e música para criar uma
experiência sinestésica e reflexiva.
A
palestra de encerramento, intitulada Se Você Pudesse Escolher Hoje o que Fazer
pelo Resto da Vida, o que Seria?, ministrada por Ana Ribeiro (MA), trouxe
reflexões inspiradoras para os participantes. A desenvolvedora de jogos
compartilhou sua trajetória de coragem ao mudar de carreira e perseguir um novo
interesse profissional. Ana convidou os ouvintes a enxergarem o futuro
profissional sob um novo prisma: encontrar algo que realmente desejem fazer
pelo resto da vida.
Natural
de São Luís (MA), Ana Ribeiro deixou uma carreira estável como psicóloga e
funcionária concursada para seguir sua paixão pela tecnologia. Após vender uma
microempresa de empadas, ingressou no curso de programação em games na SAE
London e concluiu um mestrado em game design na National Film and Television
School (NFTS). Criadora da franquia Pixel Ripped, que une nostalgia dos jogos
clássicos à realidade virtual, Ana é hoje um dos grandes nomes no universo dos
games.
Presente
no evento, o designer de games Erick Goés disse que foi inspirado por Ana e
hoje pretende fazer um doutorado dentro da temática do desenvolvimento dos
jogos. O profissional é mestre em Educação pela Universidade Federal do
Tocantins (UFT) e também possui especializações em animação, robótica e
Metaverso. “Eu sou design animador 3D aqui no Tocantins e espero fazer um
doutorado inspirado no seu trabalho. E o meu trabalho "Tr@nscendências do
Pequi ao Metaverso" tem sua influência também", disse Erick, ao falar
do seu último projeto - que foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo,
no edital Audiovisual Tocantins, lançado pela Secult.
Apresentações artísticas
As
intervenções culturais da tarde ficaram por conta dos dançarinos da Cia Juvenil
de Dança, Sombras do Hip-hop e do Grupo Coletivo da Casa. Logo após, os
artistas visuais Elpídio de Paula, Emanuel Vitor, Sara Gomes e Natália Araújo
apresentaram aos presentes suas telas pintadas durante a programação. O
fechamento da agenda foi com o grupo de capoeira de Angola “Só Angola
Tocantins”, que junto ao boneco do Taboka Grande, se apresentaram no hall do
Palácio Araguaia, sob o mural que retrata a história da criação do estado.
A
secretária-executiva da Secult, Valéria Kurovski, destacou a importância de
reunir manifestações da cultura tradicional, popular e das artes visuais no
seminário e comentou os desafios enfrentados para viabilizar a participação dos
artistas de forma remunerada. A gestora explicou ainda que a materialização das
apresentações do seminário foi resultado de um esforço conjunto entre a pasta e
a Associação Ninho Cultural.
“Apesar
dos desafios, conseguimos garantir que esses artistas estivessem conosco de
forma remunerada, algo que é fundamental para o fortalecimento de nossa
cultura. Nossa esperança é que, em 2025, possamos ampliar ainda mais essas
oportunidades, seja por meio do poder público ou da valorização pela iniciativa
privada. Precisamos abrir caminhos e consolidar o reconhecimento que esses
artistas merecem", disse Valéria.
Primeiro dia de Seminário de Economia Criativa do
Tocantins
Após
uma manhã repleta de diálogos sobre música e o futuro da economia criativa, a
tarde de sexta-feira, 29, iniciou com o painel “Caminhos para a Valorização da
Produção Cultural”, com mediação da roteirista, diretora e economista Cláudia
Roberta, do Cerrado Criativo/TO. A mesa contou com a analista do Sebrae - TO,
Celina Soares, a coordenadora de Cultura de Porto Nacional, Dayane Fernandes, e
a coordenadora do Comitê de Cultura do Tocantins, Luara Aquino, que
compartilharam suas experiências e perspectivas sobre o fomento e
fortalecimento da produção cultural no estado. “Esta ação é importantíssima
para a valorização da cultura e da economia criativa como um todo. Esse setor
alavanca, que gera um efeito multiplicador grandíssimo em todo o contexto
econômico”, enfatizou Cláudia. Veja aqui como foi a
manhã desta sexta-feira.
Em
sequência, a plateia prestigiou uma apresentação cultural da Cia A Barraca, com
participação improvisada e enriquecedora do mestre Márcio Bello, que compôs a
mesa do painel seguinte, intitulado O fortalecimento do Desenvolvimento
Regional através da Economia Criativa por meio de projetos socioculturais, e
mediado pelo superintendente de Fomento e Incentivo à Cultura (Secult) Antônio
Miranda. O debate também contou com a contribuição da diretora do coletivo
cultural Varandas do Jalapão, Andrea Lambertucci, da gestora do Centro Cultural
Circo Os Kaco, Marcela Pultrini, e do presidente da Federação das Quadrilhas
Juninas do Tocantins, Filemon Amorim.
Para
o superintendente e professor Antônio Miranda, a economia criativa também diz
respeito à resistência de um povo. “Na cultura popular e tradicional, a
criatividade não é só a questão da sustentabilidade econômica, é também para
resistir. Cria-se para resistir. Portanto, é muito importante trazer ao debate
esses temas em espaços abertos ao diálogo para a construção de políticas
públicas necessárias para a promoção desses saberes”, finalizou.
Com
palestras e painéis temáticos finalizados na tarde deste sábado, 30, a
programação cultural do seminário segue na noite deste domingo, com
apresentações de Eletra, Impacto Latino, Matheus Mancine, Marlon e Muriel, Trio
Bacana, Chico ChoKolate e Pedra de Fogo, a partir das 18h, na Praça dos
Girassóis.
Ascom
Secult/Governo do Tocantins
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