Comunidade quilombola fica entre Lagoa do Tocantins e Novo Acordo; Campo Santo do Bom Jardim recebe placa que o reconhece como patrimônio histórico nacional
Órgãos discutiram ações conjuntas no âmbito do Aquilomba Tocantins. Foto: Jerfeson Nascimento/Governo do Tocantins
A
sinalização do sítio arqueológico Campo Santo do Bom Jardim, reconhecido após
trabalho da Sepot junto ao Iphan no final do ano passado, foi entregue durante
visita nesta quarta-feira, 27, de técnicos da Secretaria de Povos Originários e
Tradicionais (Sepot), à comunidade quilombola Rio Preto, entre Lagoa do
Tocantins e Novo Acordo.
No local
funcionou, por mais de cem anos, o cemitério daquela comunidade quilombola.
O objetivo
da visita foi discutir ações conjuntas no âmbito do Aquilomba Tocantins
com a Secretaria de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades
Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos (SQPT) do
Ministério da Igualdade Racial (MIR), Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) no Tocantins, Defensoria Pública Estadual do
Tocantins (DPE-TO), com lideranças e autoridades locais.
A sepultura
mais antiga identificada data de 1912, sendo provável, ainda, haver
enterramentos mais antigos. O último sepultamento ocorreu, possivelmente, em
2013. São vários os tipos de túmulos observados no cemitério, como o simples
ajuntamento de pedras canga formando montículos, cercados de pedras, lápide de
pedra aparelhada, cruzes de madeira fincadas no solo, entre outros.
Para o
secretário nacional da SQPT, Ronaldo dos Santos, a visita que o Governo Federal
faz ao Tocantins é fundamental para as ações do Aquilomba Tocantins e do
Aquilomba Brasil. “Certamente o Aquilomba Tocantins nos subsidiará na
construção de política pública. Já é um grande legado que já está fincado aqui
no estado do Tocantins”, declarou.
Já a
secretária de Povos Originários e Tradicionais, comemora a chegada do programa
em Rio Preto. “Está acontecendo o Aquilomba Tocantins. Acontecendo aqui em Rio
Preto, na comunidade que tanto preserva a sua memória e aqui no Campo Santo do
Bom Jardim é uma prova disso”.
Pedro Alexandre Gonçalves, primeiro subdefensor geral da DPE-TO afirmou que o órgão é parceiro da Sepot na missão de conseguir trazer as melhores políticas públicas a essas comunidades. “Estamos presentes em todas as comarcas dando esse suporte na missão de acesso à justiça”, disse.
Sobre o reconhecimento do Campo Santo do Bom Jardim como patrimônio histórico nacional, Rita Lopes, presidente e liderança do quilombo Rio Preto, afirmou que vários de seus antepassados estão descansando no espaço.
"Estamos
aqui no campo santo do Bom Jardim Cemitério onde vários dos meus antepassados
descansando. Para ela, é um momento muito gratificante esse reconhecimento. “No
início dessa luta, o meu sentimento era de apagamento, porque estávamos
sofrendo ataques, risco de morte e nossas memórias também estavam correndo
risco de sumir. Então ver o nosso campo como sítio arqueológico, um patrimônio,
que deve ser protegido pelo país, é muito gratificante. É importante ver que
pelo menos as nossas memórias estão resguardadas”, declarou.
Rômulo
Macêdo Barreto de Negreiros, arqueólogo e chefe de Divisão Técnica do Iphan no
Tocantins destacou que a Sepot teve um importante trabalho na gestão do sítio
arqueológico. “De acordo com a constituição, é dever dos municípios, estados e
da união proteger o patrimônio histórico-cultural brasileiro. A Sepot entrando
junto com o Iphan nessa ação, só só vem a cumprir com seu dever institucional
de zelar pelo nosso patrimônio e também contribuir para essas ações que exigem
a presença de mais atores, atores que estejam envolvidos com as diretamente com
as comunidades como é o caso da secretaria”, declarou.
Aquilomba
Tocantins
Lançado
nesta semana, o Aquilomba Tocantins tem o objetivo de promover medidas
intersetoriais para a garantia de direitos da população quilombola do Estado.
Envolve diversos órgãos do Poder Executivo Estadual e é coordenado pela
Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais.
Seus
princípios incluem acesso à saúde e educação específicos para os quilombolas,
proteção dos direitos territoriais, transversalidade de gênero e raça, respeito
à autodeterminação e modos de vida tradicionais, entre outros.
O programa
compreende ações em cinco eixos temáticos: gestão territorial, infraestrutura,
comunicação, segurança, saúde e educação. Os objetivos incluem demarcação e
gestão de territórios, segurança alimentar, fortalecimento da educação
quilombola, acesso à saúde, proteção do patrimônio cultural, entre outros.
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