domingo, 4 de dezembro de 2022

Sistemas agroflorestais são apresentados a comunidades tradicionais do Jalapão

Wanja Nóbrega/Governo do Tocantins

Curso foi oferecido pelo Naturatins e Ruraltins para moradores das áreas de abrangência da APA do Jalapão, como forma de oferecer alternativas de produção sustentável

Wilson Lobato (ao centro de vermelho) explicando sobre o projeto "sisteminha", que utiliza água usada na criação de peixes para produção de hortas. Foto: Washington Luiz/Governo do Tocantins

Apresentar alternativas para produção de alimentos de forma natural e sustentável, tanto para consumo próprio quanto para geração de renda familiar. Esse foi o objetivo do curso de Sistemas Agroflorestais, oferecido pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), às comunidades tradicionais que vivem na área de abrangência da Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão. O curso foi realizado na comunidade do Rio Novo e contou com apoio da Prefeitura de Mateiros e da Associação Onça D’água de Apoio à Gestão e ao Manejo das Unidades de Conservação do Tocantins. 

O curso teve início pela manhã, com os técnicos do Ruraltins Jobson Sousa e Marla Guedes, que apresentaram os conceitos de sistemas agroflorestais, que basicamente consiste em aproveitar o mesmo espaço para integrar atividades produtivas juntas, ou seja, manter a vegetação nativa e utilizar a mesma área para produção de culturas agrícolas e animais.   

O diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ruraltins, Kin Gomides, disse que a apresentação dos sistemas agroflorestais para as comunidades do Jalapão foi um primeiro passo para construir uma relação que possa trazer resultados práticos. “Precisamos estar atentos, mas dentro da lógica sustentável, por isso precisamos construir esse projeto de implantação de sistemas agroflorestais dentro dessa lógica”, pontuou. 

Kin Gomides fez questão de ressaltar que a ideia do Governo do Estado não propor modelos de produção para as comunidades tradicionais do Jalapão, mas trazer tecnologia para impulsionar os modelos já utilizados por elas. 

Alternativas

Joana Francisca da Silva e Wilson Pereira Lobato são moradores da comunidade do Rio Novo e foram anfitriões do curso, realizado em sua propriedade. Como quase todos os moradores do Jalapão, eles vivem da exploração do turismo de base comunitária e da pequena produção de animais e extrativismo. “Passamos por muitas dificuldades, pois a vida aqui é muito difícil, mas é a vida que conhecemos”, disse Joana. 

Sobre a importância de estar participando do curso, Wilson Lobato disse que “conhecimento é sempre muito bom, porque quanto mais a gente sabe das coisas, mas opções a gente tem para escolher entre as atividades que mais combinam com nosso estilo de vida”. 

Ele disse ainda que iniciativas como essa do Naturatins e Ruraltins são sempre muito boas, porque “aqui nós estamos isolados de tudo, não temos conhecimento das coisas que podem ser feitas e quando tem quem venha trazer esse conhecimento até nós é muito proveitoso”.

Para o supervisor do Parque Estadual do Jalapão, Alessandro Vieira, o curso reforçou a necessidade de integração entre as comunidades locais. “Nosso papel é respeitar as vocações das comunidades e suas necessidades e, assim, apresentar alternativas para que tenham opção e escolham aquilo que querem fazer para gerar renda e melhorar suas propriedades, respeitando as restrições previstas para as unidades de conservação”, explicou o supervisor. 

A supervisora da APA do Jalapão, responsável pela realização do curso, incluiu na programação visita a uma horta de esgoto, onde os comunitários cortam e queimam a vegetação, drenam a água do terreno e plantam suas culturas de base, como a mandioca. “Essa prática é ancestral dos povos originários quilombolas e sertanejos da região do Jalapåo, que garante a soberania alimentar desses povos e comunidades  tradicionais e só existe aqui no Jalapão”, explicou Rejane.  Os participantes conheceram ainda um tanque de peixes, o "sisteminha", que utiliza os resíduos do tanque para produção de hortas. 

Encerrando as atividades do dia, o gerente de Unidades de Conservação, Parques e Monumentos do Naturatins, Gilberto Oliveira, agradeceu a parceria com o Ruraltins, que tem levado conhecimento para comunidades que vivem dentro das unidades de conservação do Estado. O gerente reforçou a importância dos sistemas agroflorestais, que ajudam a gerar renda para as comunidades e, ao mesmo tempo, fortalece o conceito de agroecologia. 

“O conhecimento é a base para mudar qualquer situação desfavorável e proporcionar condições dignas às populações que vivem nas unidades de conservação, respeitando suas limitações, por isso é tão importante contarmos com parcerias como essa com o Ruraltins”, ressaltou o gerente.  

Rejane Nunes concluiu dizendo que a realização do evento também contou com a colaboração de empresa que presta serviços na unidade de conservação e dos comunitários, que se reuniram para oferecer lanche e almoço aos participantes do evento. 


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