A comunidade quilombola Morro de São João realiza o Festejo das Almas Santas Benditas no Dia de Finados, 02 de novembro, para homenagear os entes que já morreram.
Os congos apresentam números musicais e danças tradicionais durante o festejo
O evento é uma
forma de lembrar-se dos entes que já partiram, além de resgatar o sentido
sociocultural da comunidade por meio dessas expressões tradicionais que
sobrevivem ao tempo.
O Festejo das Almas Santas Benditas reverenciam os mortos da comunidade
O festejo
inicia-se bem cedo, ao amanhecer do dia. A partir das 5h da manhã já começam a
esquentar os tambores. Os familiares do rei e da rainha colocam lenha no fogão
ou na trempe para fazer o almoço, os congos já estão pegando para a
apresentação durante o evento.
As suas
roupas seguem o modelo tradicional centenário, são elas que caracterizam os
homens que dançam durante o festejo. As vestes são brancas e feitas de saco de
estopa. As peças utilizadas na cintura são saiotes com comprimento abaixo do
joelho, as camisas são de manga curta e, na cabeça, um adorno feito com penas
de ema (essas peças são guardadas há décadas e reaproveitada ano após ano), em
forma de arco, de cor prata, simbolizando uma coroa.
O sino da
igreja local dá a primeira badalada simbolizando que está quase na hora da
comunidade se apresentar para prestigiar o festejo. Na segunda badalada quase
todos os fiéis já chegaram e na terceira e última badalada todos já estão
reunidos na igreja.
Da igreja,
os fiéis marcham para a casa do imperador para fazer o desjejum. Durante o
percurso, os congos executam a dança chamada de congada e cantam cantigas
tradicionais ao som de cabaças e tambores.
Depois que
os túmulos são enfeitados e as orações concluídas, os congos e os demais
moradores retornam. Durante a volta acontecem duas paradas: a primeira ocorre
para que seja feito o desjejum dos fiéis e para que as pessoas descansem, já
que o trajeto é longo, cerca 3 km até o cemitério, e é feito todo a
pé. Após concluída a refeição, eles seguem de volta para a
comunidade.
Ao chegar na
entrada do povoado, é oferecida outra refeição, também cortesia da família do
rei e da rainha. Após a segunda parada, o grupo segue para a casa do
Imperador, onde dançam a sússia e a famosa Jiquitaia ao som dos batuques e
tambores, cantarolando as cantigas ensinadas pelos seus antepassados.
Fonte: Assessoria de Comunicação
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