Por Sérgio Moreira
Distante apenas 20 Km de Belo Horizonte, Sabará é uma das mais importantes cidades históricas de Minas, fundada em 1775, no final do século XVIII.
A igreja fica no centro de Sabará
A cidade guarda
relíquias da nossa história, presentes em sua em seus casarões coloniais, na
Casa da ópera, em seus museus e em suas igrejas imponentes, erguidas durante o
Ciclo do Ouro. Muitas dessas igrejas abrigam obras do Mestre Aleijadinho, que
já morou na cidade e do Mestre Ataíde, o mestre da pintura.
No Centro Histórico da Terceira Vila do Ouro de Minas Gerais, uma
construção em pedras e inacabada chama a atenção, pela imponência e pelas
histórias ocorridas ao longo de seus mais de três séculos de existência, que
impossibilitaram sua conclusão.
É a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída pela Irmandade de
Nossa Senhora do Rosário dos Pretos da Barra do Sabará. A irmandade dos Irmãos
do Rosário foi fundada em 1713 e foi muito atuante em Sabará, durante o período
do Ciclo do Ouro.
É uma obra, que mesmo
inacabada, impressiona, pelas sombrias paredes, em pedra sobre pedra e detalhes
imagináveis, de uma Igreja que seria uma das mais belas e imponentes de Minas.
Estar no interior da construção, emociona e intriga, pelos mais de 300 anos de existência. O que guardam essas paredes? Quais as histórias vividas e contadas neste lugar? Quantas dores e lágrimas foram derramadas em sua construção? No lugar onde foi projetada a igreja do Rosário em Sabará, existia uma pequena ermida, feita de madeira, dedicada à Nossa Senhora do Rosário. Foi demolida e no lugar, construída uma capela em melhores condições para os membros da irmandade exercerem sua fé, enquanto se construía o novo templo.
Era bem simples e rústica em seu interior, com piso e detalhes em madeira, ornamentação e talhas dos altares bem singelos. As pinturas no forro da capela diferem da simplicidade do altar capela. São pinturas mais bem trabalhadas, simbolizando a Ladainha de Nossa Senhora.
Construção atrás da igreja
A Irmandade, conseguiu
com muito esforço, em 1757, a doação, por carta régia, de seu tão sonhado
terreno, onde finalmente, conseguiram dar início a construção de sua igreja.
Buscaram recursos, juntaram dinheiro e ampliaram a área doada, com a compra de
dois terremos próximos, em 1766.
No ano seguinte, começa a preparação do terreno, com a construção da igreja, iniciada em 1768. A parte de execução da alvenaria e cantaria, foi executada pelo mestre de obras, Antônio Moreira Gomes, contratado pela irmandade.
Era um projeto grandioso e ambicioso para a época. Mesmo durante a
riqueza do Ciclo do Ouro, era um projeto bem caro, já que os membros da
Irmandade, não tinham tanto dinheiro assim. Esse foi um dos fatores para a
lentidão das obras de alvenaria e cantaria, que só foram concluídas, 12 anos
depois, em 1780, com a conclusão das obras da capela-mor e da sacristia, na
alvenaria, sem o reboco e ornamentações.
A partir desse ano, com a falta de recursos, as obras continuaram bem
lentas, passando pelas mãos de diversos outros mestres de obras, durante
décadas, até o ano de 1878, quando os Irmãos do Rosário, decidiram concluir de
vez as obras da Igreja.
Nessa época, o Brasil vivia um período conturbado em sua história, com pressão sobre a Monarquia e pelo fim da Escravidão. Isso fez com que vários os negros, se dispersassem ou mesmo, fugissem para quilombos, cada vez mais comuns naquele tempo.
Nas grandes cidades brasileiras, principalmente no Rio de Janeiro, a
sede da Monarquia Imperial, a pressão pelo fim do Império e instalação da
República e abolição da Escravidão eram cada vez mais frequentes, o que de fato
ocorreu, anos depois.
Em 13 de maio de 1888, foi abolida a escravidão no Brasil. No ano
seguinte, em 15 de novembro, cai a monarquia e é instalada a República no
Brasil.
Nessa situação, a Irmandade do Rosário, se viu esvaziada, sem dinheiro e
sem a mão de obra, bem como a própria Igreja Católica, que não tinha também
recursos para finalizar a Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Sabará.
Encerraram-se então os esforços para a conclusão das obras. Do jeito que deixaram, está até os dias de hoje.
Se tivesse sido concluída, seria um dos mais imponentes e belos templos do período barroco e rococó, em Minas Gerais. Seria uma igreja singular, rica em detalhes em sua fachada e nos ornamentos internos, com seus altares ornados em ouro, pinturas e talhas finíssimas e bem trabalhadas.
A igreja chama a atenção
para o projeto de seu adro, que lembra a escadaria do Santuário do Bom Jesus de
Matozinhos, em Congonhas MG. Por sua história, ao longo de três séculos, e
importância, no dia 13 de junho de 1938, todo o acervo da Igreja de Nossa
Senhora do Rosário de Sabará, foi tombado pelo (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Com o tombamento, garante-se a preservação integral de toda a obra. Como é um bem tombado, não pode sofrer modificações ou alterações, apenas restaurações e reformas estruturais e necessárias, que possam garantir a integridade e preservação da obra, em sua originalidade, como foi feito entre 1944 a 1945.
O visitante pode conhecer a Igreja, por dentro e por fora, além de conhecer o Museu de Arte Sacra, que funciona em uma das sacristias da Igreja. Neste museu, estão mobiliários e peças religiosas dos séculos XVIII e XIX.
A curiosa obra inacabada desperta curiosidades e instiga a imaginação dos visitantes. É um dos lugares mais visitados de Sabará, além de ser um dos lugares mais enigmáticos de Minas Gerais. As paredes erguidas em pedra bruta, assentadas, pedra, sobre pedra, pelos escravos, tem muitas histórias para contar. São mais de três séculos, com histórias reais e outras nem tanto, contada em forma de lendas, muitas delas, fantasmagóricas, criadas pelo imaginário popular.
Brasil Convention & Visitors Bureau e Embratur em projetos para o turismo
O presidente do Instituto Brasil de Convention & Visitors Bureau, Marcio Santiago, reuniu-se em Brasília, com o presidente da Embratur, Silvio Nascimento, e diretoria da agência para discutirem ações estratégicas para incrementar o segmento de turismo e eventos no país.
“Uma das ações será a realização de eventos em conjunto – entre Convention Bureaux e Embratur – para promoção do destino Brasil no exterior. Isso já trouxe excelentes resultados no passado, pois o Brasil tem boa estrutura de turismo de lazer, hospedagem e centros de convenções e expertise em recepção de eventos de grande porte e essa é uma carta importante que temos na manga”, disse Santiago.
O segmento ainda tenta se recuperar da queda nos
negócios em decorrência da pandemia. Cerca de 8,1% do PIB brasileiro são
provenientes do turismo que emprega um contingente de 7 milhões de pessoas
direta ou indiretamente.
No primeiro ano da pandemia, de março a dezembro, o
turismo deixou de movimentar R$ 270 bi na economia brasileira. O Brasil contava
com aproximadamente 60 mil empresas e 2 milhões de microempresários ligados
diretamente à realização de eventos. A expectativa é que até setembro o país
consiga recuperar as perdas ocorridas neste período. Em 2021 o setor já
conseguiu crescer 22,1% em relação ao primeiro ano da pandemia (2020). A
previsão é fechar 2022 com crescimento de 2,4% sobre o ano passado.
“Apesar de todas as dificuldades, a recuperação do turismo no Brasil trará muitas melhorias que incluem a requalificação dos serviços e dos profissionais, mas também vamos requalificar os destinos. As ações internacionais de promoção do Brasil em médio prazo terão reflexos positivos na economia interna, na empregabilidade e nas receitas”, analisa Marcio Santiago.
Minas no IMEX Frankfurt
O Estado de Minas Gerais marcou presença na IMEX Frankfurt 2022, uma das
principais feiras de turismo do mundo, no mês passado, na região Central da
Alemanha.
A feira, que comemora 20 anos, voltou ao seu formato presencial neste
ano e é realizada para organizadores de eventos, empresas, órgãos públicos e
profissionais do setor de turismo. Ao todo foram 3.439 expositores de 172
países e 3.817 hosted buyers de 83 países, somando uma quantidade 69.500
reuniões, palestras e seminários.
O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, participou acompanhado por 16 gestores de turismo a convite de Patrícia Moreira, que é a coordenadora do grupo de brasileiro.
O objetivo da
participação foi promover e posicionar Minas Gerais como um novo destino
internacional e também conhecer e aprender com os cases de sucesso no turismo
nesse momento de pós-pandemia. Segundo Bárbara Bodega, representante da
Investminas, foi possível apresentar Minas Gerais também como um destino para
boas oportunidades de negócios.
“Mostramos o que temos
de melhor, a mineiridade, mas, sobretudo, andamos em vários stands de
companhias aéreas, países, lugares… Conhecemos outras realidades, modos de
gestão do turismo e fizemos negócios. Temos várias novidades…”, destaca o
secretário Leônidas.
Ao todo, foram
realizadas cerca de 30 reuniões com diversos operadores internacionais,
companhias aéreas, agências de viagem e países de interesse do destino Minas.
Por meio delas, diversas oportunidades para o Estado foram garantidas, como o
lançamento de novos voos para a América Latina e Europa e a participação de
Minas Gerais em festivais internacionais, como o Coffee & Tea Expo, em
Dubai, em 2023.
Além disso, será
possível conferir, em breve, uma grande promoção da arte mineira no continente
Europeu como parte das comemorações do bicentenário da Independência do
Brasil.
“O mercado europeu tem
muita afinidade com as ações da cultura mineira, com as questões ligadas ao
produto cultural e gastronômico, então a participação na feira incentiva e
muito a ampliação de fluxo internacional para Minas Gerais", avalia o
vice-presidente da Federação dos Circuitos Turísticos de Minas Gerais
(Fecitur), Felipe Conde.
Festuris Gramado
Mesmo cinco meses antes da
sua 34ª edição, que acontece de 3 a 6 de novembro, o Festuris Gramado
vem registrando números históricos na comparação com suas maiores edições. A
feira de negócios turísticos está inclusive expandindo sua área de exposição
dentro dos pavilhões do Serra Park para atender a crescente demanda do mercado.
A comercialização de espaços está cerca de 30% superior a 2019 – última edição
antes da pandemia –, podendo ser a maior edição de todos os tempos do evento.
De acordo com os organizadores, o volume atual de vendas para exposição no Festuris deve ser comemorado. "A demanda está muito alta, tanto que estamos ampliando a feira para ter novos locais de vendas que hoje não existem. Marcas que não participaram das últimas edições estão retornando para a feira de modo geral, incluindo companhias aéreas, destinos internacionais e outras marcas do Turismo brasileiro", destacou o CEO do Festuris, Eduardo Zorzanello.
"Quem pregou que feiras presenciais iriam acabar estava muito
enganado. O ser humano vai levar muitas gerações para se robotizar. Se as
tecnologias favorecem o trabalho, existe uma tendência muito grande para as
pessoas se reaproximarem, maior do que tinha antes. A tendência é que tenhamos
muitos eventos daqui para frente e o crescimento das feiras que possuem um
formato diferenciado", projetou a CEO do Festuris, Marta Rossi.
Diante do crescimento da feira
neste ano, a ampliação também se dará no sentido de reposicionar alguns
segmentos, a exemplo do Espaço Luxury, que estará em uma área maior e ampliará
também a presença de buyers e expositores de diferentes procedências. Além disso,
layouts estão sendo repaginados, trazendo estilos de espaços adaptados à nova
economia.
Em paralelo a isso, a aposta
do evento será em mais experiências dentro da feira, networking qualificado
entre os participantes e conteúdo por meio de mentorias e capacitações, além de
mais uma edição do Meeting Festuris.
Coluna Minas Turismo Gerais
Jornalista Sérgio Moreira @sergiomoreira63 informações
para sergio51moreira@bol.com.br
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