Sérgio Moreira
Feijão tropeiro, tutu de feijão, linguiça, torresmo e muito mais na culinária mineira
Lugar do
encontro e do aconchego, onde ganham vida o fogão à lenha, o café passado na
hora e o pão de queijo quentinho, as quitandas perfumadas e os assados
fumegantes, a Cozinha Mineira acolhe e resume, de forma singular, a identidade
e a pluralidade do estado. É a cozinha típica que também se eterniza na
tradição das casas de farinha, dos moinhos de milho, das hortas de quintal e nas
plantações.
No
momento, uma jornada inédita se apresenta para temperar ainda mais a história e
a diversidade da cultura alimentar de Minas Gerais: em um movimento pioneiro no
país, a Cozinha Mineira, com todos os seus ingredientes, sabores, aromas e modos
de fazer, está sendo trabalhada para se tornar patrimônio cultural do Estado e
do Brasil.
O
processo já começa com duas ações articuladas pela Secretaria de Estado de
Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Por meio do Instituto Estadual de
Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), órgão responsável pelos registros
e tombamentos no estado, a pasta deu início aos estudos para reconhecimento da
Cozinha Mineira como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.
Após
concluída esta etapa, será solicitado ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) o registro da Cozinha Mineira como patrimônio do
Brasil. Os dois passos são fundamentais para pleitear mais adiante, junto à
Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o
posto da Cozinha Mineira como Patrimônio Cultural da Humanidade.
O sabor da comida no fogão a lenha é especial
A cozinha
é a alma de Minas Gerais, e vai além da sua crescente representatividade no
Turismo e na Cultura do estado: a Cozinha Mineira gera milhares de empregos
diretos e é responsável por 30% da vinda de visitantes ao estado, o que faz a
economia girar nos diversos territórios mineiros. Pão de queijo, café,
farinhas, doces, frutos, folhas, cachaças, azeites e queijos são apenas alguns
dos itens que movimentam uma imensa cadeia produtiva e têm uma base sólida na
agricultura familiar, fundamental instrumento para a valorização dos
produtores, para a preservação da tradição e para o desenvolvimento
sustentável.
“No
sentido de valorizar todo esse patrimônio, o governo de Minas deu início ao
processo de reconhecimento da Cozinha Mineira como patrimônio imaterial do
Estado, além de elaborar, de forma participativa e colaborativa, o Atlas da
Cultura Alimentar de Minas Gerais, que vai detalhar todos os alimentos e modos
de fazer que são a base da nossa cozinha”, destaca o secretário de Estado de
Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira.
“A
chegada deste reconhecimento irá projetar o estado mundialmente de forma
orgânica, uma vez que a cozinha é um dos principais atrativos turísticos de
Minas Gerais”, avalia o presidente da Frente da Gastronomia Mineira (FGM),
Ricardo Rodrigues. “Minas é o primeiro estado a reconhecer toda a sua cozinha
como patrimônio cultural de natureza imaterial, e isso é fruto de um trabalho
que vem sendo realizado há muitos anos. A Cozinha Mineira, representada pelo
respeito aos alimentos, pelo trabalho muito bem feito do campo à mesa, pelos
mais variados ingredientes, modos de fazer e estilos de servir, traz uma
identidade muito única e nos coloca no patamar das cozinhas mais bem
representativas do país. Por esses e vários outros motivos ela já é e vai ser
ainda mais um canal indutor do turismo nos níveis regional, nacional e
internacional”, pontuou Rodrigues.
Atualmente,
a Unesco reconhece algumas tradições relacionadas a alimentos e bebidas como
parte da Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Entre eles estão a Dieta Mediterrânea, da Região Mediterrânea, a cozinha
tradicional mexicana, do México, a refeição gastronômica dos franceses, da
França, a base da culinária japonesa, chamada de Washoku, do Japão, e pratos e
ingredientes específicos de países como Armênia (Lavash) e Turquia (café).
Ter a
Cozinha Mineira e todo o imaginário que ela abriga nesta lista representativa
da ONU colocará Minas Gerais e o Brasil em outro patamar do turismo mundial –
de acordo com pesquisas recentes de empresas que prestam consultoria para a
indústria do turismo em nível internacional, as duas principais tendências de
viagens para os próximos anos envolvem experiências gastronômicas e maior
proximidade com as comunidades locais.
Doce de leite, goiabada com queijo mineiro é espetacular
Para a
presidente do Iphan, Larissa Peixoto, a riqueza da cultura alimentar de Minas influência
de forma direta o processo de valorização do turismo cultural. “Em Minas Gerais
já temos o registro do Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas nas regiões do
Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, e está em andamento o registro do
Ofício das Quitandeiras de Minas. Estes saberes tradicionais constituem
expressões de mineiridade e seus detentores os transmitem a cada geração. Nesse
contexto, a culinária mineira vai muito além do ato de se alimentar. É
expressão de cultura, ato social de formação identitária, fundada na memória e
na tradição. Sua riqueza gastronômica contribui diretamente no processo de
valorização do turismo cultural e do desenvolvimento social e econômico. O
reconhecimento da Cozinha Mineira como Patrimônio Cultural do Brasil é de
grande importância para a valorização e preservação dessa rica e saborosa
identidade”, argumenta a dirigente do Instituto nacional.
Com base
nos aspectos da diversidade, da história, da identidade e dos modos
tradicionais de fazer, a Cozinha Mineira é um prato cheio para os viajantes que
saem em busca de experiências aconchegantes em Minas Gerais, único estado brasileiro
presente na lista das 10 regiões mais acolhedoras do mundo, segundo a Travellers
Review Awards 2021, da empresa Booking.com.
O olhar
para os sabores da Cozinha Mineira já faz parte das ações de reconhecimento dos
bens culturais de natureza imaterial de Minas Gerais desde seus primeiros
processos. Em 2002, o Iepha-MG registrou o Modo de Fazer o Queijo Artesanal da
Região do Serro, que se tornou o primeiro registro imaterial do país. Desde
então, muito se avançou no campo da preservação do patrimônio cultural de
natureza imaterial.
Outro bem
cultural mineiro que tem referências culinárias em sua identidade é a Festa de
Nossa Senhora dos Homens Pretos de Chapada do Norte, registrada como patrimônio
cultural imaterial de Minas Gerais em julho de 2013. O inventário das casas de
farinhas e moinhos de milho também está em andamento e o cadastro já
contabilizou 397 casas e moinhos distribuídos em 204 municípios, sendo que o
município do Serro concentra o maior número: 23 casas de moinhos cadastrados.
Para
amarrar estes processos, está em construção, conduzida pelo Iepha-MG, o Atlas
da Cultura Alimentar de Minas Gerais, que integra o percurso em direção ao
reconhecimento da Cozinha Mineira e irá fornecer elementos para permitir
compreender o processo econômico e social envolvido no âmbito desta extensa e
valiosa cadeia produtiva.
A
presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, ressalta o forte traço presente na
cultura gastronômica de Minas que ajuda a compreender a história do estado, do
Brasil, e sua articulação diante de outros países. “Podemos perceber a
expressão cultural da Cozinha Mineira na arquitetura, nas nossas paisagens
culturais, nas festas, no nosso modo de receber quem vem de fora, de
compartilhar o alimento, as receitas, de viver a vida privada e a coletiva nos
lugares de encontro, no próprio espaço da cozinha e no espaço público. Essa
cultura alimentar está viva em Minas, transcende o nosso espaço físico e passa
ao nosso patrimônio imaterial. A partir de referências nacionais e internacionais,
essa cultura se ressignificou e se consolidou como algo essencialmente mineiro.
Pensar na Cozinha Mineira é pensar nas articulações e na centralidade que ela
tem na vivência da cultura de Minas Gerais por cada um dos mineiros, para quem
nos visita e para quem é de fora do país”.
A pesquisadora em gastronomia e chef de
cozinha Vani Pedrosa salienta que a Cozinha Mineira é contemporânea dela mesma,
pois sobrevive ao passar do tempo e se adapta constantemente. “Ela constitui um
processo de memória do mineiro e guarda suas origens históricas, culturais e da
biodiversidade do estado. Ao mesmo tempo, é inovadora e dinâmica. Ao
preservá-la como um patrimônio, são resguardados a tradição, os modos de vida e
o afeto de Minas Gerais. A nossa cozinha é muito familiar: desde os primórdios,
o alimento sai do quintal, passa pela cozinha e vai para a mesa. Quem vai
cozinhar sabe o que tem na horta, sabe a melhor forma de colher os alimentos,
de prepará-los, e com isso vem a relação afetiva com a comida e o entendimento da
família como um processo de alimentação integral – do corpo, da mente e do
espírito. O alimento à mesa, para nós, mineiros, não é só nutrição. É também
sinônimo de encontros, partilha e acolhimento”, aponta Vani.
Para o chef de cozinha, pesquisador e professor de Gastronomia Edson Puiatti, “o reconhecimento vai proteger a cultura alimentar de Minas e nos referendar como mineiros, porque carregamos patrimônio desde o nascimento, seja pelas memórias familiares ou pelas nossas próprias. Chega no momento certo, em que a nossa cozinha completa 300 anos”. Ele destaca a importância de toda essa trajetória ser permeada por rituais, crenças, heranças e influências de tantas etnias. “Costumo dizer que a Cozinha Mineira vai muito além da tradição e das histórias, pois ela se traduz, também, em comportamento, simplicidade e hospitalidade. Tudo o que reflete o jeito mineiro de ser”, comenta o chef.
Festuris Connection
O Festuris Connection, evento exclusivo que
acontece de forma presencial e online nos dias 6 e 7 de maio, no Hotel Master
Gramado, confirmou mais um grande nome como palestrante. O empreendedor e
escritor Geraldo Rufino abrirá a imersão em vendas Top Performer levando aos
participantes a sua palestra “O Poder da Positividade”.
De catador de latinhas a dono da maior recicladora de caminhões da América Latina, a JR Diesel. A história de vida de Rufino e a forma como conseguiu se reerguer as seis vezes que quebrou, o fez ser destaque no mundo do empreendedorismo e especialista no tema positividade.
Geraldo Rufino já inspirou milhares pessoas com suas palestras, teve mais de 50 mil exemplares vendidos com seus dois livros e hoje é um fenômeno nas redes sociais com quase 1 milhão de seguidores. No dia 6 de maio, ele estará compartilhando suas lições de vida e vivências no palco do Festuris Connection.
O evento terá como destaque a imersão Top
Performer, um grande treinamento de vendas do Turismo, e na modalidade
presencial também contará com espaços para geração de negócios e networking,
mentorias com especialistas e workshops de comercialização de produtos.
A pré-venda de ingressos segue até o dia 22 de março com valores especiais. A inscrição custa apenas R$ 199 no online e R$ 299 no presencial. A compra pode ser feita pelo site www.festurisgramado.com/connection, onde também estão todas as informações sobre o evento.
O Festuris Connection tem o patrocínio de Sicredi Pioneira RS, Master Hotéis e Nano Comunicação e Eventos.
Programa de Reputação e Engajamento Digital da Gastronomia
O
Programa de Reputação Digital da Gastronomia de BH disponibiliza aos
interessados um relatório personalizado do seu negócio, que permite entender e
conhecer a própria reputação e o engajamento digital nas principais plataformas
de avaliação (Google Meu Negócio, Facebook/Instagram, Trip Adivisor, IFood e
Yelp). O relatório personalizado será gratuito para os 200 primeiros inscritos.
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