Mariana Soares Borges
Estudante Pedagogia UFT
Assistente sala de aula Maple Bear
A Língua Portuguesa é objeto de estudo de todo brasileiro que passa pelos processos de educação escolar. Sabemos, entretanto, que a aprendizagem da língua não se constitui exclusivamente no ambiente escolar, na educação formal. É um processo que se inicia dentro do ventre materno e é construído por diversos fatores não escolares: convívio social, localidade geográfica, inserção cultural, aspectos socioeconômicos e outros. Nessa perspectiva, qual é o papel do professor no ensino da Língua Portuguesa? Por que a dificuldade do professor em abandonar a normapadrão e a gramática tradicional na hora de lecionar, planejar e desenvolver programa de ensino?O professor, por muito
tempo, foi visto como o cerne da educação. As teorias pedagógicas tradicionais
centram o ensino no papel do professor, na sua capacidade de transmitir
conhecimento, enquanto o aluno era visto como um receptáculo vazio a ser
preenchido de ideias. Dentro desse contexto, o ensino da língua também partia
desse mesmo pressuposto – o aluno nada sabia sobre o português e, o que achava
que sabia, invariavelmente, estava errado. Com as mudanças no cenário
socioeconômico, a realidade da educação também muda, visto que as teorias
progressistas passam a centralizar a educação no próprio aluno, o conhecimento
prévio se torna um aliado da educação formal e o professor precisa sair do
pedestal em que se encontrava para se situar numa posição de horizontalidade:
não menos importante, mas sem dúvida diferente da posição em que estava
habituado. Desse modo, o ensino de português também precisa passar por
transformações que, muitas vezes, causam confusões para aqueles que estavam
acostumados com o ensino tradicional da língua.
O professor de linguagens
não é mais responsável por transmitir ao aluno a obrigatoriedade de seguir a
norma padrão, e a mudança do método de ensino – de metalinguagem para
epilinguagem – permite ao professor ensinar a língua sem que isso seja sinônimo
de ditar as regras da gramática tradicional. O papel do professor então não é
puramente de instrução, mas de questionamento, de dúvida, de ruptura com o
equívoco “certo e errado” da língua, de fomentar o senso crítico e desenvolver,
dentro da sala de aula, um ambiente propício para entender a língua em suas
múltiplas faces, histórias e caminhos. É papel do professor despertar no aluno
a compreensão da língua, dos seus usos, das suas especificidades, variações,
regionalismos e principalmente despertar no aluno a compreensão da linguagem,
da interpretação.
Com os objetivos bem
estabelecidos, de acordo com a expectativa da sociedade para o aprendizado de
português, com a Linguística Aplicada guiando o estudo e o ensino da língua,
espera-se então um professor que compreenda a nova dinâmica, busque aprimorar
seus conhecimentos para se adaptar às novas formas de pensar e de agir.
Espera-se um profissional habilitado para conduzir a nova práxis do ensino de
língua.
Entretanto, encontramos
ainda uma parcela dos profissionais de linguagem desatualizados e extremamente
resistentes a prática pedagógica atual. O preconceito linguístico é um dos
fatores que serve de prerrogativa para negligenciar a nova prática educativa. A
falta de capacitação e de estudos sobre a importância da compreensão e respeito
à diversidade linguística também contribuem para a objeção em conduzir a
educação de linguagens nos moldes atuais.
Não se pode dizer que a
mudança do ensino de linguagens é bem-visto por toda a comunidade escolar. Não
se pode afirmar que as escolas, em sua maioria, estão buscando se adaptar a
esse novo cenário: muitas escolas seguem perpetuando a educação tradicional, a
norma padrão e o preconceito linguístico. Muitos professores continuam
desatualizados e comungam do pensamento arcaico de protecionismo da língua
portuguesa. Cabe aos amantes da educação, aos que veem nela uma forma de
empoderamento social, um trabalho contínuo de mudar essas perspectivas.
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