sábado, 1 de agosto de 2020

Área de Proteção Ambiental do Jalapão completa 20 anos

Wanja Nóbrega/Tânia Caldas

A APA possui atributos naturais e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações e tem importância na proteção da diversidade biológica, e no ordenamento do processo de ocupação humana, além de assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Fotos: Naturatins/Divulgação
Na APA Jalapão, a exuberância da flora do Cerrado fica em evidência
Criada em 31 de julho de 2000, pela Lei n° 1.172, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Jalapão completa hoje, 20 anos. Ocupando terras dos municípios de Mateiro, Novo Acordo e Ponte Alta do Tocantins, a APA serve como uma zona de amortecimento para o Parque Estadual do Jalapão (PEJ), localizado dentro da APA.
Importante reserva ambiental, a APA do Jalapão é gerida pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), que mantém no local uma equipe técnica que garante a manutenção de suas riquezas naturais, que são imprescindíveis não apenas para o Estado, mas para todo o Brasil.
No interior da APA são realizadas ações de desenvolvimento sustentável apoiadas pelo Naturatins, como Manejo Integrado do Fogo (MIF), Extrativismo Sustentável, Agricultura Familiar e o Turismo de Base Comunitária.
Manejo Integrado do Fogo minimiza os riscos de incêndios na APA Jalapão
De acordo com a gestora da APA do Jalapão, Rejane Nunes, desde 2015, a equipe da APA vem realizando encontros com as comunidades rurais, como forma de incentivar as práticas sustentáveis, garantindo renda e, ao mesmo tempo, preservando o local. “Temos realizado um rigoroso trabalho de educação ambiental e, hoje, as pessoas que moram na APA entendem a importância de protegê-la”, diz Rejane.
Famílias receberam treinamento e hoje trabalham dentro do conceito de extrativismo sustentável
Segundo Rejane Nunes, outra ação importante realizada pelo Naturatins na APA é o Manejo Integrado do Fogo (MIF), utilizado como estratégia de gestão do território. O fogo sempre foi usado pelos comunitários como ferramenta de manejo do solo, seja para a renovação da pastagem, para o preparo da roça, para o manejo do capim dourado ou para a proteção de veredas e nascentes. O problema é que quando o fogo é usado sem técnica e acompanhamento, pode perder o controle e virar incêndios florestais.  
“Hoje, o uso está sendo aplicado com base no diálogo, com participação e responsabilidade, de forma a conhecer, entender e relacionar os conhecimentos e necessidades das populações locais com os objetivos de criação da unidade de conservação, e isso tudo atendendo às técnicas d MIF”, esclarece Rejane.
Rede Jalapão
Formada por famílias da região, a Rede Jalapão foi criada para incentivar a produção artesanal e promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Assim, os comunitários têm geração de renda, segurança alimentar e gestão comunitária como alternativa.
Rejane explica que a Rede Jalapão é composta por famílias agroextrativistas dos municípios de Mateiros, São Félix, Novo Acordo e Ponte Alta do Tocantins. “Instituições parceiras, colaboradores, comunidades com interesses voltados para a conservação do Cerrado e que buscam, ao mesmo tempo, alternativas de melhoria da qualidade de vida para os moradores rurais da região que também fazem parte da Rede", enfatizou.
A Rede Jalapão foi criada em 2007 com objetivo de garantir às famílias que vivem nas zonas rurais da APA do Jalapão, o extrativismo sustentável, que ensina o manejo de práticas de exploração que causam o mínimo impacto ambiental, fomentando a renda da população e agregando valor aos produtos por meios de processamento artesanal.
As famílias da Rede Jalapão vêm se destacando na produção associada, nas atividades de turismo de base comunitária, com seus produtos manufaturados, e buscando alternativas ao uso do capim dourado, a fim de minimizar os impactos sobre essa matéria-prima, além da gama e potencial de outros insumos disponíveis. “Isso com foco na ampliação de produtos fartos na região, que ajudam a promover ainda mais a biodiversidade do Cerrado, a cultura e a manutenção dos saberes tradicionais”, completa Rejane.
Turismo
Outra atividade econômica importante para os moradores do Jalapão é o turismo. Mas, por se tratar de uma área de enorme biodiversidade, o Naturatins mantém rigorosa fiscalização para garantir que as visitas, mais numerosas a cada ano, não causem danos irreparáveis ao lugar.
Com base nessa preocupação, a supervisora da  APA do Jalapão explica que hoje é aplicado na unidade de conservação, o conceito de turismo de base comunitária, atividade onde as famílias são protagonistas , são donas do seu próprio negócio. Planejando , implementando , monitorando. É uma atividade que leva em consideração a sustentabilidade social e ambiental.
Nesta data tão importante para a região do Jalapão, o presidente do Naturatins Sebastião Albuquerque, homenageia todos os moradores dos municípios que compõe a localidade, além das comunidades tradicionais que residem no interior e no entorno das unidades de conservação do Estado, de responsabilidade do Naturatins.
Albuquerque afirma que o Governo do Tocantins preza pela boa relação com essas comunidades, bem como incentiva ações que desenvolvam a sustentabilidade e riqueza dos recursos naturais de toda região. Ele atribui à boa convivência com os moradores, as políticas de aproximação do Naturatins com a população local que ocorre desde há muito tempo.
“O Jalapão é conhecido nacionalmente pelos seus atrativos turísticos e pela cultura local.Temos que promover a união de iniciativas que estimulem a economia local, mas ao mesmo tempo contribua para proteção ambiental do território, aliado a qualidade de vida e bem - estar da comunidade”, considera Albuquerque.
Criação
A Área de Proteção Ambiental do Jalapão (APA Jalapão), com cerca de 461.730 hectares, ocupa terras dos municípios de Mateiros, Ponte Alta do Tocantins e Novo Acordo. Foi criada no dia 31 de julho de 2000, pela Lei e nº 1.172 e pertence à categoria de Unidades de Conservação (UC) de Uso Sustentável.
A APA possui atributos naturais e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações e tem importância na proteção da diversidade biológica, em ordenar o processo de ocupação humana e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
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Em seu entorno estão situadas três importantes UCs de Proteção Integral da região: Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba e Parque Estadual do Jalapão; por isso, é compromisso da APA do Jalapão assegurar o uso territorial de forma sustentável e responsável perante os recursos naturais da locais, incentivando o desenvolvimento socioeconômico.
A unidade funciona como uma zona de amortecimento para o Parque Estadual do Jalapão e propicia a conectividade do Parque a sul com a Estação Ecológica da Serra Geral do Tocantins e a oeste com o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
Por sua localização estratégica ela faz parte do Corredor Ecológico Jalapão/Mangabeiras. Registra em seus limites a presença de espécies ameaçadas de extinção, como o Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus) e arara-azul-grande (Anodorhyncus hyacinthinus) e o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), uma das aves mais ameaçadas das Américas.
Já o Parque Estadual do Jalapão (PEJ), contido pela APA, foi criado pela Lei Estadual 1.203, de 12 de janeiro de 2001, também pertencente à categoria de Unidades de Conservação de Proteção Integral do estado do Tocantins. O PEJ foi criado com objetivo de preservação dos recursos naturais da região na qual está inserido, fato que restringe suas formas de exploração, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto de seus benefícios.    
O Parque está inserido na área nuclear da APA do Jalapão, representando mais de 158.000 hectares. Mesmo com tamanha dimensão, a área total do PEJ se concentra em apenas um município tocantinense, Mateiros, sendo que seus limites atingem os marcos divisórios deste com os municípios de Ponte Alta do Tocantins, São Félix do Tocantins e Novo Acordo.
Fonte: Naturatins/Governo do Tocantins


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